quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Historia de Vitor Gamito - Atleta que competira no MARANBIKER 2010


Nome: Vítor Manuel Gomes Gamito
Data de Nascimento: 21-Abril-1970
Naturalidade: Lisboa - Portugal
Estado Civil: Casado /2 filhos
Altura: 1,83mts
Peso: 70 kg
Residência: Torres Vedras (Portugal)


Tenho 1,83 de altura, após ter deixado a competição o meu peso estabilizou nos 70 Kg. QuanDo competia, no inverno chegava aos 73kg e geralmente em Agosto, na altura da Volta a Portugal, conseguía baixar o meu peso até aos 64 Kg. A minha frequência cardíaca ia das 33/min ás 198/min. Os meus terrenos preferidos eram o contra-relógio, de preferência duro, e a alta montanha. Adorava competir com calor e o meu ponto fraco era o frio com chuva.
Passatempos: Informática, fotografia digital e o cinema (em casa).
Leitura: Livros técnicos de informática e todos os que sejam relacionados com o treino, dieta desportiva, fisiologia do esforço, etc.
Música: Gosto de tudo um pouco, depende do meu estado de espírito no momento. Tenho CD's de música clássica, especialmente Bach e Beethoven; música POP; e alguma Rock, principalmente baladas.
Comida: Sou bom garfo. Durante o Inverno tenho preferência pelas receitas tradicionais portuguesas: cozido, feijoadas, migas; adoro peixe, e não dispenso um bom churrasco em casa com os amigos. Doces: mousse de chocolate; bolo de bolacha; sobremesas com leite condensado e doce de ovos. Quando aperta o calor, opto mais por comidas mais ligeiras: massas, saladas, pizzas e...churrasco :)
Defeitos: Perfeccionista, exigente, guloso, despistado, esquecido, desarrumado, pessimista, teimoso.
Qualidades: Perfeccionista, sentido prático, realista, metódico, gosto por ajudar o próximo, disponível.
PERCURSO DA MINHA CARREIRA DESPORTIVA
Apesar do meu pai ser alentejano e a minha mãe nortenha, toda a minha infância foi vivida numa localidade nos arredores de Lisboa: Quinta da Várzea - Póvoa de Sto. Adrião.
Tive uma infância perfeitamente normal, nessa altura já tinha uma tendência para o desporto, especialmente atletismo, futebol (tinha jeito para guarda-redes) e um dos meus passatempos preferidos era andar de bicicleta, claro!
Tive a primeira com 4 anos e a partir daí foi minha companheira inseparável, depois comprei uma BMX usada, com dinheiro que ganhava a trabalhar durante as férias na oficina de bicicletas do meu tio Cristino, por mil e quinhentos escudos. E foi com ela que comecei a fazer os meus primeiros "malabarismos" e até já ganhava algum dinheiro com apostas que fazia numa subida que existia ao lado da minha casa.
Cristino Gamito, ciclista do Benfica nos anos 60, foi um dos responsáveis por ser o que sou neste momento. Quando viu que eu tinha jeito para as bicicletas começou a levar-me aos passeios de cicloturismo que ele ía, tinha eu 13 anos, mais tarde falou com um amigo que tinha um filho que competia no escalão de Cadetes, no Grupo Desportivo de Peniche.
E foi assim que iniciei a minha carreira de ciclista, com 14 anos.

Tenho que dizer que ganhei a minha primeira taça logo na segunda corrida que fiz, só que foi a taça...do azar. Pois é, deram-me a taça do azar como reconforto de ter caído numa subida devido á exaustão. Penso agora, que essa taça marcou negativamente a minha carreira. Nesse meu primeiro ano (1984), a minha melhor classificação foi em "casa", no circuito de Peniche, 3º lugar. A primeira corrida que ganhei foi o G.P. de Loures com 17 anos.

Ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, não tive muitas vitórias nos escalões mais jovens. Até aos dezoito anos andava no ciclismo como forma de conhecer o país e também porque gostava do convívio. Foi quando passei ao escalão sénior (agora denominado esperanças) que consegui os primeiros grandes resultados, alguns até a competir com os profissionais.

Mas a minha vida não era apenas andar de bicicleta, estudei até ao 12ºano, só nessa altura tive que escolher entre os estudos e o ciclismo, como já ganhava um ordenado a fazer aquilo que gostava, arrisquei e optei pelo ciclismo. Até ao momento não estou arrependido, mas se pudesse voltar atrás no tempo, teria feito um esforço e tentava conciliar os estudos com o ciclismo. Falar é fácil ...

Aos 22 anos tornou-se-me realidade o sonho de qualquer ciclista jovem: o convite da melhor equipa nacional, a Sicasal/Acral, e é claro aceitei. Nesse ano, juntei os trapinhos com a minha namorada e fomos viver para Torres Vedras. Mas nesse ano (1992) tive os dois acidentes mais graves, um deles tão grave que muita gente dizia que a minha carreira como desportista tinha chegado ao fim. Valeu-me o contrato ser de dois anos, com a Sicasal. Nesse ano fiz apenas três corridas.

Em 1993 deu-se a reviravolta, para espanto de muitas pessoas, mais propriamente no G.P. Jornal de Noticias, prova mais importante a seguir á Volta a Portugal. Na primeira etapa, chegada a Valpaços, etapa duríssima, a faltar quinze quilómetros, aproximadamente, para a meta, Cássio freitas, principal favorito a essa prova, ataca e eu fui o único que conseguiu responder. Eu era um miúdo e Cássio nem se preocupou minimamente por ir com ele. No dia seguinte era o contra-relógio, e teoricamente eu não teria qualquer hipótese. Cássio até "deu-se ao luxo" de me deixar ganhar a etapa nesse dia. Ganhámos um minuto ao pelotão, no qual vinham os meus colegas e principais adversários de Cássio, nomeadamente, Jorge Silva, Manuel Cunha, Manuel Abreu e António Pinto, tudos bons contra-relogistas. Marco Chagas, nosso treinador, não ficou muito satisfeito com a situação.
Mas o melhor estava para vir, no dia do contra-relógio, em que as apostas eram de 10 para 0 a favor de Cássio Freitas, acabei por ganhar mais de um minuto a Cássio e também o contra-relógio.
A partir desse dia a minha vida mudou; ganhei o primeiro grande prémio como profissional e por causa dessa vitória, Marco Chagas viu-se "obrigado" a levar-me á Volta a Portugal, quando á partida estaria excluido. Fiz 2º logo nessa Volta e ganhei um dos contra-relógios.

No ano seguinte (1994) renovei pela Sicasal/Acral, foi o ano em que obtive mais vitórias (14) e mais uma vez fiquei em 2º na Volta a Portugal.

Em 1995, novamente na Sicasal, era o principal favorito á Volta a Portugal, só que uma anemia impediu-me de estar nas melhores condições, mas ainda consegui ganhar os dois contra-relógios e andar um dia de amarelo.

Em 1996, com a dissolução da equipa Sicasal, decidi ir para uma equipa espanhola, a MX-Onda/Deportpublic. A adaptação ao ciclismo internacional foi dura e nesse ano "apenas" consegui o 2º lugar na Volta a Portugal como resultado de destaque .
Já na segunda temporada em Espanha, pela mesma equipa mas denominada Estepona/Toscaf, consegui bons resultados de nivel internacional, mas em Abril contraí um virus - mononucleose, e a partir daí fui posto de lado pela equipa. Fui obrigado a fazer a Volta a Portugal sem as mínimas condições e acabei por desistir. A minha experiência por terras de Espanha terminava nesse ano. Penso que se eu tivera nessa altura, a sorte de estar numa outra equipa espanhola, teria capacidade para fazer uma boa carreira internacional.

Em 1998 voltei a Portugal para a equipa Troiamarisco. A temporada correu-me bastante bem, ganhei algumas provas, mas mais uma vez não consegui concretizar o meu grande objevtivo - ganhar a Volta a Portugal. Andei nove dias com a camisola amarela mas perto do final da prova desisti por causa de uma rotura muscular numa perna.

1999 também no Troiamarisco, agora com o apoio da Milaneza e da Porta da Ravessa, fui campeão nacional de contra-relógio, venci o G.P. Sport Noticias e a Volta ao MInho e foi o ano em que iniciei mais forte a Volta a Portugal, pensei sempre que naquele ano não me iria escapar. Enganei-me, e por nove segundos, foi a Volta que me custou mais a perder, ainda mais em vesperas da última etapa.

Não baixei os braços e no ano seguinte, ao serviço da Porta da Ravessa, finalmente consegui realizar o sonho de qualquer ciclista português - vencer a Volta a Portugal. Ao contrário do ano anterior, iniciei a Volta um pouco abaixo da forma ideal, mas fui melhorando com decorrer das etapas e na segunda semana já estava no meu melhor.
Consegui ganhar a etapa "rainha" - chegada á Torre, e o contra-relógio.

No ano 2001, novamente na Porta da Ravessa, consegui "apenas" o 4º lugar, servindo de consolação ter sido o melhor português.

O ano de 2002 foi para esquecer. Depois de 1992 , este foi o pior ano da minha carreira. Inicialmente tinha como objectivo para esta temporada, a Volta ao Algarve, primeira prova do calendário nacional. Para tal fiz uma preparação de pré-temporada bastante exigente. Foi o ano em que mais treinei durante o inverno. Cheguei à Volta ao Algarve em condições de disputar os primeiros lugares. Mas no dia decisivo, a chegada á Fóia, tive uma intoxicação alimentar. Frustrado preparei a corrida seguinte- a Rota do Marquês, que era um mês depois. Continuei a treinar forte, mas cheguei á Rota do Marquês e os resultados não foram os desejados. Como não estava satisfeito continuei a treinar para as seguintes provas, mas já estava cansado e com organismo fraco contraí gripes e até um virus- Citomegalovirus. Pensei que o cansaço se devesse a esse vírus; em parte era, mas quatro semanas depois, nova análise foi feita para despistagem desse vírus, e deu negativo. Pensei já estar bem e voltei á carga com um estágio na Serra da Estrela.
Na Volta ao Alentejo, tinha a esperança de fazer um bom resultado, mas ao terceiro dia fui obrigado a ceder e a conselho médico não alinhei no dia seguinte. O diagnóstico era "Overtraining" e a solução era deixar a bicicleta durante um mês.
Mas faltava precisamente um mês e uma semana para a Volta a Portugal; pouco já havia a fazer, e pela primeira vez na minha carreira de profissional vi de fora a Volta a Portugal.
A época para mim estava terminada, a minha preocupação era curar-me, isso já consegui, resta-me esperar pela próxima temporada para fazer aquilo que mais gosto e sei fazer: competir !

Em 2003 a expectativa era enorme, das duas uma: ou todos aqueles que davam a minha carreira como terminada tinham razão, ou então e como eu esperava, foi apenas uma má época e o próximo ano iria ser melhor. E felizmente, eu tinha razão, apesar de 2003 não ter sido dos meus melhores anos, para mim foi dos anos mais importantes, já que a maioria das pessoas consideravam-me acabado para a modalidade e eu demonstrei que não era bem assim. E não correu melhor devido a alguns infortúnios que aconteceram durante o ano.
Foi também a melhor temporada da equipa Cantanhede/Marquês de Marialva/Cadimarte, os projectos para 2004 eram para reforçar a equipa. Mas...aconteceu exactamente o contrário. E a equipa não continua para a temporada seguinte (2004).


Depois de uma grande indefinição quanto ao meu futuro, eis que me surge uma oportunidade, para eu mais uma vez aparecer ao melhor nível, em 2004. O convite feito pela equipa Milaneza/Maia, iria-me proporcionar, à partida todas as condições necessárias, para além de uma motivação acrescida, para o ano de 2004 ser a realização de vários objectivos que tinha para a minha carreira: ganhar uma vez mais a Volta a Portugal e disputar a Volta a Espanha em condições de fazer um lugar nos 10 primeiros.
Mas a temporada de 2004 foi a mais curta da minha carreira. Pois só competí na Volta ao Algarve! Um exame cardiológico realizado após essa competição veio dar por terminada a minha carreira como desportista de alta competição. Muita polémica e muitas linhas de jornal se fez devido a esse exame, pois houve contradições e não ficou provado que tivesse algum problema cardíaco. No entanto, a licença desportiva foi-me retirada sem sequer me darem conhecimento, e quando estava a preparar a Volta ao Alentejo. O processo arrastou-se durante vários meses. E durante todo esse tempo, o único contacto que tive da minha equipa - Milaneza/Maia, foi uma carta que recebi a pedir a rescisão de contrato!

De repente tinha que resolver o meu futuro (profissional), fiz a proposta de formação de uma equipa a um amigo meu, administrador da Ecolandia Internacional, empresa representante de várias marca de suplementos desportivos, nomeadamente a Twinlab e a GoldNutrition. De imediato aceitou, e um mês depois de ter terminado a minha carreira desportiva, já estava a projectar uma nova equipa de ciclismo.

Fechou-se desta forma um capitulo na minha vida, e abriu-se outro.

Vitor Gamito

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